Alexandre Pais

A lei da selva ou a saída de Jorge Simão do Mafra

A

Começo por esclarecer que, não concordando com o afastamento de Lito Vidigal do comando técnico do Belenenses, reconheço que a administração da SAD foi perspicaz na escolha do sucessor. Mais: até hoje, Rui Pedro Soares ainda não se deixou enganar nesse particular, um mérito maior do que se supõe já que o que não falta, mal haja oportunidade, são sugestões, e muitas delas absurdas, por parte daqueles “entendidos” que não descolam da porta dos gabinetes.
Jorge Simão tinha feito um excelente trabalho com Mitchell van der Gaag, demitiu-se quando a substituição forçada do holandês recaiu – e bem – sobre Marco Paulo, confirmou depois a sua capacidade no Atlético e no Mafra, e tendo causado boa impressão anteriormente no Restelo nada mais recomendável do que recorrer de novo aos seus serviços. Dito isto, que é elementar e de justiça, considero errada – mesmo que procure entendê-la, a vida não está fácil – a decisão de Jorge Simão de corresponder ao convite dos azuis. E por dois motivos.
O primeiro pertence ao domínio da ética: um técnico não devia aceitar ocupar o lugar de um colega de profissão sem que ele tivesse acordado as condições da rescisão do contrato. Aparecer na ficha técnica como “treinador adjunto” pode ser uma esperteza, mas é também uma humilhação para o próprio técnico e uma vénia à lei da selva.
O segundo, igualmente lamentável, tem a ver com o Mafra, que seguia, e segue, em ótima posição no Nacional de Seniores – com boas hipóteses de subida – e que, de um dia para o outro, ficou sem treinador, como se fosse lixo. Que feia coisa! E a legislação que permite este vale-tudo não tem menos culpa do que Jorge Simão.
Canto direto, Record, 13ABR15

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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