Para alguma coisa havia de servir a praga da covid. Sim, o bicharoco tem uma utilidade: a de fazer adormecer rapidamente os problemas comezinhos da nação, sejam eles as diabruras do ministro Cabrita, o descalabro das audiências da Cristina, o grande êxito das manifestações de massas “Vieira rua” ou a marquise do Cristiano Ronaldo, esse motivo de suposta revolta popular que entrou diretamente para o anedotário da paróquia.
O “Correio da Manhã” deu conta das declarações do arquiteto Tomás Taveira, o autor do projeto inicial do edifício em cuja cobertura Cristiano, ou alguém por ele, mandou construir um pequeno e discreto abrigo de suporte à atividade física – que os ora indignados autores da “obra de arte” fomentaram, ao contemplarem uma piscina sem terem em conta as ferramentas de apoio. E Taveira, reduzindo o “drama” à razão que assiste a CR7 e à vaidade dos reclamantes, disse tudo.
Não é um exclusivo desses extremosos defensores da sua divina criatividade, já que o capitão da Seleção é um alvo recorrente – a despropósito que seja – da inveja social que campeia neste país de gente mesquinha, onde não se perdoa o êxito e a riqueza, mas sempre se esquece o talento, o sacrifício e o trabalho que suportam o mérito sem o qual não há sucesso.
Já se inquieta menos ou nem toma conhecimento, essa ralé, quando um equipamento de 3,7 milhões de euros é inaugurado num hospital como forma de um desportista global, que tem orgulho em ser português, devolver à sociedade parte do que recebeu – havendo outros, que podiam imitá-lo, a assobiar para o ar. Por mim, ou Medina não alinha na onda demagógica da estupidez e deixa lá ficar a “marquise” ou é limpinho: voto no Moedas.
Classificado “in extremis” para o “playoff” de acesso a La Liga, o Rayo Vallecano acabou por lograr a qualificação para a final, contra o Girona, muito graças aos dois golos de Bebé na primeira mão do duelo com o Leganés. A genialidade do primeiro desses golos confirmou o que há muito se sabe: nascido no futebol de rua, Bebé passou, infelizmente, ao lado da história fantástica para que parecia destinado.
Ovação de pé para Roger Federer e para o terceiro triunfo que conseguiu em Roland Garros, que o apurou pela 15.ª vez para os oitavos de final do torneio. Não só pelo resultado em si, mas pela superação de um momento mais complicado na partida e pela resistência física que revelou – a dois meses dos 40 anos… – após três horas e meia de um duelo que terminou já de madrugada. E tudo sem o habitual apoio do público e depois de passar por duas intervenções cirúrgicas ao joelho direito e por mais de um ano de reabilitação. Agora, cumprido o teste no pó de tijolo, Roger “ouviu o corpo” e abandonou Paris com os olhos postos na relva de Wimbledon. Ou na do Open 500 de Halle – onde ganhou dez de 13 finais, entre 2003 e 2019 – já a partir de dia 14. Disfrutemos dos derradeiros tempos de atividade do mais influente desportista do Planeta…
O último parágrafo é breve mas a admiração é enorme. Para Rui Jorge e para a nossa seleção Sub-21: chapeau!
Outra vez segunda-feira, Record, 7jun21