Em 15 dias: vitória em Guimarães, perante uma das melhores turmas do campeonato, empate no Restelo, frente ao Sporting, com o triunfo a fugir nos últimos segundos, e nova vitória fora de casa, desta vez no Funchal, sobre um Marítimo que tem um orçamento muito maior e um conjunto de futebolistas que o professor Neca não hesitaria em classificar como “um grande plantel”. Esta tripla e inesperada proeza foi conseguida pelo Belenenses, cuja equipa, não dispondo de estrelas rutilantes, funciona como um verdadeiro bloco, graças a um rigor tático, um sentido coletivo e um espírito de entrega absolutamente notáveis.
Se os jogadores são a mola real dos êxitos – quando eles não querem, pobre do treinador – é sabido que sem um líder competente e racional, trabalhador e dedicado, sereno e carismático, que potencie qualidades, cimente vontades e seja um bom gestor de vaidades e diferenças, nunca poderão ir longe. Nos azuis, Lito Vidigal representa tudo isso.
Na época passada, o ex-lateral do Restelo salvou o clube da descida, arriscando dizer “sim” ao seu emblema de coração quando as circunstâncias aconselhariam a que não se metesse na carga de problemas que se apresentavam sem disfarces. Agora, Lito soma ao currículo, com um plantel generoso mas limitado, esta temporada magnífica que devolve o Belenenses ao nível que não vivia desde a partida de Jorge Jesus.
Face a este panorama, a entidade patronal, que há muito devia ter garantido a renovação contratual do técnico, anuncia, com arrogante ignorância, que “em abril” tratará do assunto, um ato de gestão errado e incompreensível. Como belenense, desejo a continuidade de Lito Vidigal, mas temo que hoje a sua legítima ambição o leve a projetar outros voos – um castigo merecido para Rui Pedro Soares e uma desgraça para o Belenenses.
Fico ainda na esperança, frágil embora, de vir a não ter razão.
Canto direto, Record, 23FEV15
A incompreensível atitude de Rui Pedro Soares
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