Não começou bem o Europeu. No campo, com três empates – um deles milagroso, com a Hungria – e fora dele, com um slogan infeliz: 1 de 11 milhões de portugueses. Num país de emigrantes e actuando a Selecção em França, um país de emigração – haverá perto de um milhão de compatriotas só na região de Paris – não se entende que tenhamos reduzido a 11 milhões pelo menos 15 milhões de portugueses. Isso sem contarmos com as segundas e terceiras gerações, representadas por aqueles, e foram imensos, que vieram para a rua declarar aos repórteres: “Nasci em França mas sinto-me português e estou com a nossa selecção”.
Acabou bem por causa deles, por aqueles que não couberam nos 11 milhões e que – acrescentando o seu apoio tocante e entusiástico à classe e à capacidade de superação dos jogadores, ao inacreditável feeling e à competência de Fernando Santos, e ao trabalho de organização da FPF – foram, de facto, os grandes motores da vitória no Europeu.
Sublinhado o óbvio, subsiste o mistério: que papel secreto terá tido António Costa neste êxito, para além dos fortes abraços a Fernando Gomes, Fernando Santos e Cristiano Ronaldo? É que graças a tanta euforia, que se prolongará, Costa garante a geringonça por mais algum tempo. Muito.
Observador, Sábado, 14JUL16
A geringonça está garantida
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