Não gostaria de estar na pele dos jornalistas responsáveis, nos diversos canais, pela enfadonha tarefa de conduzir os pseudodebates ou entrevistas com os candidatos à Presidência da República, e que nos últimos dias têm estado debaixo do fogo dos críticos encartados que percebem de tudo, e da incontornável fauna de anónimos baderneiros que botam escritura nas redes sociais.
José Rodrigues dos Santos tem sido dos mais vergastados, em especial após a inacreditável conversa que manteve com Vitorino Silva, em que a estrela da literatura instantânea se viu aflito para partir pedra face à erudição livresco-repentista do calceteiro.
Manda a verdade que se refira estarmos perante um trabalho complexo, perdido entre as diferenças intelectuais dos presidenciáveis e a visível dificuldade de alguns para entender o perguntado, mais o dever de equilibrar tempos de palavras vazias.
É certo também que o debate Nóvoa-Marcelo já foi um confronto, e que a democracia se enriquece com tantas candidaturas e suporta discursos erráticos. Mas ser moderador de uma freguesia de cromos, repleta de vaidade e oca de conteúdo, só recorrendo a robôs de uma geração que há de vir. O nevoeiro do tédio entorpece – até o maior craque da TV.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 9JAN16
A freguesia dos cromos presidenciáveis
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