Cabeça de Steven Gerrard, mãos de lenhador e uma pretensão genital king size fazem da estátua de Cristiano Ronaldo, ontem descerrada no Funchal, um pólo de atração turística de uma pobreza escultórica inesperada e de todo imerecida pelo jogador português. Dona Dolores bem tentou disfarçar a sua deceção, mas nem todos os artistas madeirenses podem ser os melhores do Mundo.
Dececionado, na chegada à Portela, revelou-se também Pedro Proença, inicialmente indigitado, como se veio a descobrir, para arbitrar a final do Mundial de Clubes. Proença viu-se relegado para o jogo de disputa do terceiro lugar por mais uma arbitrariedade do sr. Blatter, que optou à última hora por um juiz guatemalteco (!), com a desculpa de falar a mesma língua, a espanhola, dos dois finalistas. Tretas, o ancião da FIFA não gosta de Portugal, ponto.
Temos a mania da contestação intramuros e o péssimo hábito de aceitar tudo o que vem de fora. E não é só no futebol, como se tem verificado nos tempos recentes: começou na série infindável de medidas, algumas absurdas, impostas pela troika, e está agora na “obrigatória” privatização da TAP, que não pode ser ajudada pelo Estado porque a Europa não quer e sabe que somos bons em comer e calar.
Deu-nos, por isso, particular satisfação ver primeiro o cumprimento gélido de Cristiano a Blatter, e depois a oportunidade encontrada pelo craque para se livrar de mais um aperto de mão a Platini, outro inimigo dos portugueses. E digo “mais um” porque quando foi receber o seu prémio individual já Cristiano cumprimentara o dono da UEFA, com uma secura cortante. Se Platini faz campanha a favor de Neuer para a Bola de Ouro por que raio de subserviência teria CR7 de lhe mostrar os dentes?
Haja quem os tenha no sítio. Pensando melhor, nem tudo estará mal na infeliz estátua do porto do Funchal.
Canto direto, Record, 22DEZ14
A estátua de Cristiano Ronaldo: imerecida ou talvez não
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