A sondagem da Aximage para o Correio da Manhã atribuía, no início do mês, 5,4% das intenções de voto ao CDS. É com esse valor, ou com outro mais recente que lhe dá 6,6%, que em pouco mais de um ano não conseguirá duplicar – e ainda inebriada pelo bom resultado, por falta de comparência do PSD, nas eleições para a Câmara de Lisboa – que Assunção Cristas assume a candidatura a primeira-ministra. Mas essa ambição só se concretizaria com o total afundamento de Rui Rio e do seu partido nas legislativas de 2019, algo em que nem ela própria acreditará.
Só por uma vez, em eleições para a AR, os sociais-democratas baixaram da fasquia dos 25%, em 1976, quando alcançaram o pior resultado de sempre: 24,35%. Trata-se, nada menos, de um partido com uma ligação umbilical a um largo número de eleitores do Portugal profundo – rural mas também urbano – para quem o voto laranja é, ao cabo de quatro décadas, um hábito cultural.
A realidade é que o Mundo gira e avança, e que os sinais dos últimos dias têm sido aterradores para o novo ciclo do PSD. O caso da suposta viciação do documento que dava ao secretário-geral, Feliciano Barreiras Duarte, habilitações literárias que ele não tem, e a declaração-suicida – disfarçada de fonte – de outro fiel escudeiro de Rio, Salvador Malheiro, a colocar o alvo de uma primeira vitória eleitoral nas autárquicas de 2021 (!), não deixam antever nada de bom. Estará Cristas a contar com a fragilidade dessa gente?
Observador, Sábado, 15MAR18
A esperança de Assunção Cristas
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