É a loucura. As eleições para a presidência do Sporting estão a deixar os seus adeptos com os nervos em franja. E se entre os três candidatos se pode dizer já que o verniz estalou e a harmonia não é possível, os respetivos apoiantes, então, olham uns para os outros não como consócios que divergem nas ideias e se unem em torno do amor comum ao emblema, mas como cruzados dispostos a utilizar o ferro contra os infiéis.
Como não alimento guerras, não sou recetáculo habitual de queixas, lamúrias, azias ou crises de fígado. Mas desta vez não escapo a este “fogo amigo” e ainda ontem um leitor, daqueles a sério, que não é nenhum louco à solta, se me dirigia, perguntando: “Ainda não percebo como o Record dá tanto tempo e espaço mediático ao sr. Carlos Barbosa. Que coisa útil fez ele no clube?” E apontando o “caso de Futre”, acrescentava: “O Record ainda não reparou que ele faz rir o mais sisudo e tornou-se figura cómica nacional? Lembra-se do que disse quando Godinho Lopes foi ao balneário e o Record, de modo indecoroso, deu largo empolamento a esse episódio?” E logo a seguir: “O Record, por incrível que pareça, é a correia de transmissão que muito denigre o Sporting. Porquê? Porque dá o jornal tanto mediatismo a todo o bicho careta que de algum modo tem relação com o SCP e por represálias o amesquinha? Que esquisito amor o destes traidores ou hipócritas sportinguistas”.
Este testemunho diz bem dos tempos que se vivem em Alvalade, em que nem os seus são poupados. Não concordam com o nosso candidato, criticam isto ou aquilo, apontam outros caminhos? Então, são “traidores ou hipócritas” para os mais educados, ou classificados de forma impublicável pelos próceres do destempero e da barbárie.
Record não está contra ninguém, está pelo Sporting. E mesmo temendo que o ódio mine fatalmente um dos grandes baluartes do desporto português, não silenciará os “maus”, nem incensará os “bons”. Somos uma casa comum com espaço para todos. E assim continuaremos.
Canto direto, publicado na edição impressa de Record de 2 março 2013