Alexandre Pais

A caixa de Pandora

A

Portugal vai estar, pela quinta vez, terceira consecutiva, na fase final de um Mundial de futebol. E vai poder repetir os êxitos das participações de 1966, um 3.º lugar, ou de 2006, um 4.º, ou deixar cair a Selecção na vil tristeza que foram as nossas presenças nos campeonatos de 1986 e de 2002, em que não passámos da primeira fase, com duas derrotas em três jogos.

O objectivo desta feita só pode ser, por isso, chegar às meias-finais do torneio, ainda que seja totalmente ingrato fazer planos numa competição em que os imponderáveis superarão sempre as certezas.

A primeira questão será saber se o Brasil, campeão já por cinco vezes, assumirá desde o início a condição de favorito crónico, ou se a Argentina, vencedora em duas ocasiões, será capaz de ultrapassar o trauma de uma qualificação milagrosa.

Depois, perguntaremos qual das cinco grandes selecções europeias – Itália, com quatro triunfos, e actual campeã, Alemanha, com três, Inglaterra e França, com um, e Espanha, ainda à espera da consagração mundial – se apresentará na África do Sul em melhores condições.

Finalmente, gostaríamos de poder saber já hoje quais serão os outsiders e particularmente se nenhuma selecção africana, a começar pela que joga em casa, se intrometerá entre as que vão discutir o título, desejando, ao mesmo tempo, que esse eventual papel não seja desempenhado pela Costa do Marfim.

Para Portugal, o importante até 15 de Junho é recuperar a condição física de todos os convocados, já que alguns titulares indiscutíveis, como Cristiano Ronaldo, Simão ou Bruno Alves, tiveram uma época longa e particularmente desgastante.

Deixemos uma derradeira rédea de esperança para a sorte. Se houver demasiadas bolas nos postes das balizas adversárias ou se os árbitros “utilizarem” muitos dos seus inevitáveis erros em nosso prejuízo, de pouco valerão os esforços de Carlos Queiroz e dos jogadores. Não existem semifinalistas azarados. E campeões muito menos.

Abramos a caixa de Pandora e surpreendamo-nos com o que lá estiver dentro. A imprevisibilidade é a base da eterna magia do futebol.

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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