O Benfica de Jorge Jesus tem o caminho aberto para o título? Tem. Não só pelos 3 pontos que leva de vantagem sobre o Sp. Braga, que receberá ainda na Luz. Nem pelos 11 que já soma de avanço sobre o FC Porto, que terá de visitar no Dragão. Isso é importante mas é ainda revertível, não dá para cantar vitória antes de tempo que o futebol é uma caixinha de surpresas.
A maior probabilidade de que os encarnados dispõem hoje para terem uma caminhada triunfal até ao título é, sim, o seu futebol. Os primeiros minutos do desafio de ontem contra o Paços de Ferreira foram uma vez mais arrebatadores, com a equipa empenhada desde o início numa atuação rápida, intensa, de ataque massacrante.
A ordem é resolver o jogo quanto antes, ganhar depressa, não dar tempo ao adversário de respirar quanto mais de ter a posse da bola e tentar com ela o domínio do jogo.
Foi assim que o Benfica chegou a 2-0 logo no início do segundo quarto de hora e pôde resistir depois a algum inconformismo do Paços para, também na fase inicial do segundo tempo, sentenciar a partida.
Quem viu o Real Madrid-Sevilha do passado sábado pôde verificar como os merengues funcionam “ao contrário”. Ou seja, não forçam o andamento logo a partir do primeiro minuto, andam ali a ver no que aquilo dá, o que permite ao opositor fazer umas gracinhas, no caso chegar ao intervalo a vencer por dois golos sem resposta.
Mas isso é o Real que, com todas as suas estrelas, sabe que acabará por marcar e alcançar a vitória, um risco tremendo e que pode pôr tudo em causa porque nem sempre a história termina com solos de harpa e passarinhos a cantar. Desta vez resultou, o Barça foi apanhado, vá lá.
Nessa arrogância não cai Jesus, que não gosta de dar avanço ao “inimigo” e que criou na Luz a regra da motivação permanente, uma ambição galopante bem sustentada na qualidade dos seus jogadores. E vai dar certo.
Minuto 0, publicado na edição impressa de Record de 8 Março 2010