Resultados da Lusa “no vermelho” no 1.º trimestre pela primeira vez há
anos
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O administrador executivo da agência Lusa, Afonso
Camões, afirmou que os resultados da empresa foram negativos no primeiro
trimestre deste ano, uma situação que não se verificava há vários anos.
“Pela primeira vez em vários anos, fechámos o primeiro trimestre [de 2013] no
vermelho (…) Se não introduzirmos uma novidade, agora já estamos no vermelho e
para o ano estaremos pior”, disse Afonso Camões, que falava numa conferência
organizada pela Comissão de Trabalhadores da agência Lusa com a participação de
deputados dos partidos com assento parlamentar.
O gestor público sublinhou também que os pressupostos do contrato de programa
assinado entre a Lusa e o Estado em Dezembro para vigorar a partir de Janeiro
2013 “estão ultrapassados, passados cinco meses”, uma vez que o documento previa
o não pagamento de subsídios de férias e de Natal, medida que o Tribunal
Constitucional chumbou.
Afonso Camões adiantou que a Lusa vai pagar estes subsídios aos seus
trabalhadores, garantindo que há “condições de tesouraria” para o fazer.
Para o gestor público, é preciso procurar novas receitas e “empacotar de
forma diferente aquilo que a Lusa já faz”, destacando que há já várias agências
internacionais a operar em actividades que não são o seu ‘core business’.
O responsável afirmou que há agências noticiosas internacionais que, “com
‘hard news’, fazem empacotamentos diferentes para negócios diferentes”.
“Temos de falar nesse sentido: empacotar de forma diferente aquilo que
fazemos hoje”, salvaguardando os princípios deontológicos da profissão, disse
Afonso Camões.
O presidente do conselho de administração afirmou também que a Lusa tem uma
parceria no Oriente há 25 anos, um modelo que pretende reproduzir noutros
mercados.
“Temos uma parceria naquela zona e gostávamos de a replicar em Luanda e em
São Paulo. Eventualmente abrir o capital da empresa nessas periferias. Temos
estudos de viabilidade feitos e entregámos esse projecto ao primeiro Governo
Sócrates. Os ministros têm dito que sim, mas passados quatro anos está tudo
igual”, adiantou.
Afonso Camões voltou a referir a “precarização da rede” de correspondentes
nacionais e internacionais da Lusa, afirmando que alguns deixaram de receber
avenças para receberem à peça e que as ajudas de custo foram reduzidas.
“Estamos todos a ganhar menos. Alguns de nós estão a ganhar bastante menos do
que no início dos planos de austeridade”, afirmou, referindo que o mercado dos
media “está em queda desde 2008”.
“Sabemos que os nossos clientes estão a despedir e a perder receitas. Não há
nenhum grupo que não tenha feito despedimentos, mas nós não fizemos. É verdade
que perdemos 62 trabalhadores ou por pré-reforma ou por rescisão voluntária de
contratos. A agência hoje está mais frágil, mas o país também está”,
reiterou.
Na conferência, estiveram presentes os deputados Raul Almeida (CDS),
Francisca Almeida (PSD), Inês Medeiros (PS), Cecília Honório (BE) e Carla Cruz
(PCP). (Lusa)