Alexandre Pais

A modesta exibição do Benfica significa o quê?

A

Ali pela hora de jogo, com o Tondela empenhado no contra-ataque e a fazer a vida negra ao Benfica, compreendi que um rasgo de Tomané – já improvável, pois estava no limite e saiu de seguida – ou uma cavalgada do venezuelano Jhon Murillo – um ex-benfiquista que ainda há uma semana pusera a pão e água a defesa da Argentina – poderiam provocar um escândalo na Luz. Como ia acontecendo, aliás, na jogada do golo invalidado.
Seria injusto? Ora, no futebol não há justiça e o Benfica pôs-se a jeito. Vinda de uma série de boas exibições, com as expetativas em alta e a euforia nas bancadas, a turma de Bruno Lage assinou, afinal, uma atuação modesta e venceu com meio golo a sair dos pés de filigrana de Grimaldo e o outro meio da cabeça de ouro de Seferovic, talvez na única ocasião em que a rapidez do lance não permitiu que um terceiro central reforçasse a parede de betão e impedisse o remate certeiro. Hoje, em vésperas de novo dérbi, levanta-se a dúvida: haverá um Benfica antes do Tondela e outro depois ou a modesta exibição de sábado foi apenas uma noite em que as boas práticas não aconteceram? Na quarta-feira, em Alvalade, teremos a resposta.
Nem o regresso de Zidane animou o Santiago Bernabéu. Ontem, 49 mil espectadores, pouco mais de meia casa, viram o Real ganhar, aflito, ao último classificado, com um golo ao cair do pano. Um susto.
A equipa do Belenenses que disputa os distritais arrasta milhares de adeptos atrás de si, enquanto o Belenenses SAD, na liga principal, é aplaudido por escassas dezenas de apoiantes, pelo que se diz – e o que se diz por vezes não é verdade – com bilhetes oferecidos pela Codecity. É o preço a pagar pela soma da sobranceria de Rui Pedro Soares à herança de antigas direções dos azuis, recheadas de lunáticos e de incompetentes que o arruinaram.
Dito isto, quero separar desta guerra os seguidores do Belenenses SAD, enxovalhados nas redes sociais pelos “haters” do costume como se de gente desprezível se tratasse. Afinal, quem são? Familiares dos jogadores, uma dúzia de amigos, adeptos que vão a todas e uma ou outra pessoa que integra o sempre incontornável grupo que escolhe o amarelo quando a maioria prefere o vermelho. Certo é que estão no seu direito e sujeitá-los a campanhas de ódio é nada menos que miserável.
Mas existem ainda mais vítimas desse conflito estúpido: os próprios profissionais do Belenenses SAD – e também muitos da Liga Revelação, já agora –, um dia convidados a representarem um baluarte do desporto e referência do futebol português e a quem, de súbito, tiraram a alegria e o chão. Com um contrato para cumprir e sendo o futebol a sua vida, que mais poderiam fazer do que honrar a camisola que lhes deram, dignificar a profissão e trabalhar pelo futuro das suas famílias? Atirar pedras é tão fácil! Já atuar nestas condições difíceis, com o brio, a qualidade e a integridade que os jogadores de azul exibem em cada desafio só merece elogios. E qualquer classificação que obtenham no campeonato e que fique longe da despromoção será um êxito. Para Silas e para os homens que lidera: chapeau!
Chapelada extensiva, no último parágrafo, a Roger Federer, que conquistou em Miami o seu 101.º título ATP. O mito é o único tenista com dois torneios ganhos em 2019… a poucos meses de completar 38 anos!
Outra vez segunda-feira, Record, 1abr19

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

Arquivo

Twitter

Etiquetas