Esgota-se o formato dos programas da tarde voltados apenas para a caça às chamadas de valor acrescentado. E ficam assim ameaçados os penosos desfiles de cantores, uns populares e outros só conhecidos das primas, já que antes de nos aparecerem em casa – dada a necessidade dos canais de variarem a oferta durante tantas horas de emissão – só elas sabiam da sua existência. Das letras às vozes, passando pelas roupas e pelos nomes artísticos de alguns, o panorama é assustador.
O final do “Portugal em festa”, da SIC, para além de beneficiar no imediato a TVI, que trabalha sempre melhor quando o foco são as grandes audiências, chama a atenção para a urgência das estações generalistas repensarem o modelo tradicional de negócio. A base sociológica do público mudou e vão desaparecendo os velhos telespectadores cujas pequenas reformas e naturais dificuldades de acesso a outras plataformas de entretenimento os levam a ficar horas no sofá, reféns do que lhes ponham no ecrã.
Vivemos na era de novas gerações – e “novas” que vão até para lá dos 40 anos – ligadas em permanência às redes sociais, disponíveis seguramente para o que há-de vir, mas incapazes de se manterem fiéis a grelhas televisivas do século passado.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 7MAI16
TV generalista tem de repensar o modelo de negócio
T