Os últimos tempos têm sido esclarecedores quanto à necessidade de supervisão, pelo que o facto de a RTP prestar contas ao Conselho Geral Independente é, por isso, um factor positivo. Porque no que respeita à suposta desgovernamentalização estamos esclarecidos: o Executivo indica dois elementos e o Conselho de Opinião nomeia outros dois, sendo naturalmente um, pelo menos, da cor dos partidos da maioria. E com o resultado já em 3-1, os quatro escolhem os dois restantes, provavelmente um, pelo menos, também alinhado à direita. E assim o Governo “preside” à “independência” dos seis conselheiros com uma vantagem nunca inferior a 4-2.
Ora, ao atribuir ao projeto de Alberto da Ponte para a RTP uma “débil qualidade estratégica”, o douto Conselho ofereceu-lhe a cabeça ao ministro Maduro, tal como era pretendido. Mas eu, defendendo embora todos os controlos e achando a programação da RTP um desastre, torço muito o nariz a esta substituição de competências – de gestores profissionais com provas dadas por professores doutores certamente geniais a gerir a conta caseira do supermercado.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 13DEZ14
Os gestores da RTP e os professores doutores
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