Nos últimos quatro anos, várias vezes aqui apontei a crescente importância da informação desportiva na programação de TV. Claro que quando se fala de desporto sabe-se que é de futebol que se trata, já que nem o Tour ou os torneios do Grand Slam se aproximam da sua popularidade.
Mas o Mundial que finda ultrapassou as expectativas, com os canais de sinal aberto e os do cabo em feroz concorrência, multiplicando-se debates e repetições de golos e de casos de jogo a um ritmo a que a própria seleção alemã não resistiria. A dose de cavalo começa, aliás, nos telejornais, com aberturas de 15, 20 ou mais minutos dedicadas ao fenómeno, ainda que os desafios do dia pouco nos digam e algumas reportagens rocem a pobreza. Só na SIC parece haver, a espaços, um país mergulhado na crise e um Planeta onde os conflitos estalam e a miséria avança.
Manias dos jornalistas? Infelizmente, não. O público quer o que quer, as audiências são o que são e é a realidade, e não a utopia, que comanda a vida. Mas que até eu, que gosto de futebol, estou cansado, isso estou.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 12JUL14
Futebol com dose de cavalo
F