Há futebolistas que nasceram para jogar num clube, e esse é o caso de Ricardo Quaresma, que regressa ao FC Porto para uma última tentativa de relançar a sua carreira. Foi, aliás, o que sucedeu já em 2004, quando o avançado se mostrava inadaptado em Barcelona – onde arranjou conflitos com o treinador Frank Rijkaard – e os portistas o resgataram, por 6 milhões de euros e no processo da “venda” de Deco, para o que viriam a ser as melhores temporadas do seu percurso.
Nada vocacionados para jogadores problemáticos, os dragões aproveitaram a “alta” de 2008 para o transferirem para o Inter de Milão, por 18,6 milhões de euros mais o passe de Pelé. Quaresma estava então no apogeu e participara no Euro’2008, depois de ter falhado o Europeu realizado em Portugal e o Mundial de 2006, pois Scolari também não apreciava quem não lhe desse garantia absoluta de não constituir uma ameaça para o espírito coletivo. E Quaresma, pela sua personalidade egocêntrica, dentro e fora do campo, jamais poderá dar essa garantia.
Nem do empréstimo de meses ao Chelsea o extremo beneficiou em mais uma oportunidade desperdiçada para vingar no estrangeiro e, em 2010, perdido mais um Mundial, caiu no cemitério do futebol turco, do qual partiria, em 2012, para uns joguinhos “a brincar” no Al-Ahli. Mas os 3 milhões e meio de euros que auferia por época depressa o deixaram apeado e, aos 30 anos, o fim parecia ter chegado.
Foi nesse ponto que o “encontrou” a estrutura portista, pressionada por Paulo Fonseca que não tem quem, das alas, meta a bola na cabeça de Jackson. Prudente, Pinto da Costa já desceu a fasquia ao alertar que Quaresma vai sentir dificuldades, mas os 10 mil adeptos que acorreram a rever o filho pródigo vão exigir-lhe tudo. Conseguirá um jogador que até com o treinador Carlos Carvalhal teve problemas no Besiktas, corresponder à expetativa, ou seja, “baixar a bola”, recuperar a velocidade, “trivelar” pouco e servir a equipa com humildade e espírito de sacrifício? Duvido, duvida-se. Mas Quaresma está com a única gente no Mundo que pode metê-lo de novo nos carris. Eu se fosse a ele aproveitava.
Canto direto, Record, 4JAN14
O regresso de Quaresma
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