Começou na Naval e chegou ao FC Porto, sendo considerado por muitos “o guarda-redes do futuro”. Mas essa foi a promessa sempre adiada de Hilário, até 2006, quando José Mourinho o foi buscar, já com 30 anos, para terceiro guarda-redes do Chelsea – suplente de Petr Cech e de Cudicini – uma espécie de reforma dourada, ou melhor, pré-reforma, já que reforma dourada, mesmo, é a do colega Silvino, hoje treinador de guarda-redes do Inter, sempre atrás do “Special”.
Ao longo dos últimos anos, Hilário foi aproveitando as lesões dos seus cotados concorrentes e atuou diversas vezes, amadureceu e transformou-se num guarda-redes mais seguro. E a verdade é que viu partir Carlo Cudicini para o Tottenham e ficou como n.º 2 de Cech, conseguindo, nas ocasiões em que foi chamado a titular, convencer Carlos Queiroz, que o chamou há pouco à Seleção A para a sua primeira internacionalização.
Na 1.ª mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, em San Siro, há duas semanas, Cech teve mais uma das suas habituais lesões e Hilário jogou a última meia hora da partida frente ao Inter do amigo Mourinho, sem sofrer golos. E quando se previa um excelente final de época para Hilário, com “happening” no Mundial, eis que ele se lesiona também – logo agora, que “não podia”!
Ontem, na partida decisiva de Stamford Bridge, a equipa de Ancelotti voltou a apresentar na baliza um tal de Ross Turnbull, o terceiro guarda-redes “blue” que Hilário já foi e pode, afinal, voltar a ser.
Há pessoas assim, com este fado. Pessoas que falham o comboio das grandes oportunidades, mesmo quando parecem ter a sorte de ele fazer o que raramente acontece: passar por nós duas vezes. Com Hilário, só se for à terceira…
Passe curto, a publicar na edição impressa de Record de 17 março 2010