Tenho o mesmo problema que os
analistas políticos, preciso de assunto. E esta semana Miguel Relvas
resolveu-nos o drama – uma vez mais. Foi essa, aliás, a perdição do ex-ministro:
a sua inata capacidade para a provocação. Porque a comunicação social
portuguesa, pelo meio de grandezas e misérias, tem a qualidade do bulldog, ou
seja, depois de abocanhar a presa já não a larga.
Como se o que aconteceu a
Santana e a Sócrates – que sobreviveram a sucessivos atentados à bomba graças a
um poder de sedução indestrutível – não tivesse servido de lição, Relvas entrou
a matar. A tentativa falhada de pôr um teto nas pensões, “sejam quais forem os
descontos efetuados” (ops!…), ou a gorada privatização da RTP revelaram um
homem perigosamente imparável.
Durou o tempo de lhe
apanharem um ponto fraco e de mexerem na ferida sem parar. Apesar de bem melhor
do que muitos burros diplomados que temos de suportar, Relvas foi para casa – ainda
com o bulldog agarrado à perna.
Pois eu, se mandasse numa
estação de TV, contratava-o. E olhem que estou a falar a sério.
Antena paranóica, publicado na edição impressa do Correio da Manhã de 6 abril 2013