A Liga que se inicia na próxima semana apresenta-nos, para já, quatro grandes incógnitas.
1. A incógnita Pereira. Que FC Porto iremos ter esta época? O alvo de todas as críticas que parecia ter o campeonato perdido em dada altura da temporada passada, e no qual Pinto da Costa recusou deixar de acreditar, ou o apesar-de-tudo-campeão que chegou ao fim em primeiro lugar e calou (quase) todas as bocas? Será mais um teste a doer para Vítor Pereira, talvez menos decisivo agora, ultrapassada que foi, com êxito, a primeira prova de fogo.
2. A incógnita Jesus. A estrelinha do Benfica campeão em 2010 continua a iluminar o percurso de um técnico que já não precisa de provar nada mas que tem a obrigação de justificar, com resultados, ou seja, com vitórias, os investimentos realizados pelo clube da Luz. E o Benfica, assim não troque Cardoso por um freguês qualquer lá na frente e conserve Garay cá atrás, tem o plantel teoricamente mais forte da Liga. Conseguirá Jesus prová-lo dentro de campo?
3. A incógnita Pinto. Carlos Freitas voltou a desenvolver um grande trabalho de reconstrução de uma equipa, apesar das dificuldades leoninas, e Sá Pinto tem um lote de jogadores mais equilibrado que na época passada. A irregularidade da pré-temporada revela que a sua tarefa é dura e que só poderá ser levada a cabo – com o regresso à luta pelo título – com mais profissionalismo e menos abraços ao Paulinho.
4. A incógnita Peseiro. António Salvador apostou num treinador “maldito”, que parecia perdido depois do inêxito relativo em Alvalade e de três ou quatro incursões cinzentas pelo estrangeiro. José Peseiro tem assim uma oportunidade de ouro para voltar a dar um rumo à sua carreira, no terreno fértil de Braga, onde mais importante do que ganhar sempre é trabalhar bem.
A incerteza é a grande mola do interesse que arrasta multidões aos estádios. E em Portugal, desta vez, ela é densa, é total. Desgraçadamente, não só no futebol.
Canto direto, publicado na edição impressa de Record de 11 agosto 2012