O presidente do Benfica caiu no real. As suas declarações, na semana passada, são o reconhecimento da petulância, da sobranceria e da megalomania que atacaram a Luz quando campeões. Aquele estado de alma, fora da realidade e do bom senso, levou a afirmações que foram pagas com língua de palmo.
As expectativas não podem ser criadas em festejos, são atos de gestão responsável e as palavras não ganham troféus. Com uma nobreza não habitual no futebol, o presidente veio reconhecer os erros. Mas veio tarde, o treinador já tinha afirmado que para o ano seria campeão. Quem nasce incontido, tarde ou nunca se endireita.
O presidente garantiu que vai mudar o rumo e, para isso, vai delegar menos. Na gestão desportiva, todos percebemos que isso significou cartão amarelo ao diretor desportivo e ao treinador. O presidente abriu, assim, fogo contra os seus, enfraquecendo-os. Sozinho, ou mal acompanhado, não é uma ideia brilhante para enfrentar o ardiloso adversário sediado a norte. No futebol, Lisboa não aprende.
Bilhar grande, publicado na edição impressa de Record de 18 maio 2011