Escrevi aqui há meses, na sequência da copiosa derrota do Benfica no Dragão, que Jorge Jesus não tinha condições para continuar no Benfica. Enganei-me. Tinha condições. O que não tinha era a capacidade da época anterior para obter resultados, pelo que acabou por se confirmar a profecia.
A confiança das direções é fundamental para os treinadores e serve como salvo-conduto para que passem incólumes pela ira dos adeptos desiludidos. Mas não é por aí que passa a concretização dos objetivos, que depende mais da força física, nas pernas, e da força mental, na cabeça dos jogadores.
Não acredito que Luís Filipe Vieira deixe cair Jorge Jesus, mas também não estou a ver como vai ele conseguir lidar com as ondas de choque de uma temporada em que o Benfica falhou na Supertaça, na Champions, na Taça de Portugal, no Campeonato e na Liga Europa, tendo ganho apenas a Taça da Liga com uma vitória apertada sobre o Paços.
Não havendo já margem para falhar outra vez, o início da nova época pode ser tão penoso para o técnico como o final desta. Será que vale a pena que ele, Vieira e o Benfica se verguem à cruz dessa instabilidade?
Passe curto, publicado na edição impressa de Record de 6 maio 2011