Nada do que se passou no domingo, com o último golo do Benfica, me pareceu fugir à normalidade. Desde logo, o lance e a sua difícil concretização, próprios de um goleador que sabe do seu ofício.
Depois, a recordação do pai de Nuno Gomes, desaparecido em Agosto, mas presente no coração dos que o amaram, como é o caso dos filhos.
A seguir ainda, a emoção do capitão encarnado, num pequeno momento de descontrolo resultante não só da dedicatória ao progenitor, como da própria obtenção do golo, apenas 3 minutos após ter entrado em campo para jogar meia dúzia e não mais.
Mas particularmente significativa para mim foi a reação dos companheiros de equipa, que imediatamente correram para Nuno Gomes, o rodearam e abraçaram, no mais genuíno e afetuoso dos festejos dos golos do clube da Luz – dentro e fora de campo.
Se parasse para pensar, Jesus veria neste sinal o gelo que o espera se não puder evitar que a casa venha abaixo. A “morte” de um símbolo, sem motivos entendíveis, é um “crime” que os adeptos o farão expiar.
Passe curto, publicado na edição impressa de Record de 16 novembro 2010