Alexandre Pais

Uma cabecinha pensadora no ativo

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Seguia promissora a contestação ao Governo e à classe política – normalmente designados por ‘eles’ – quando surgiu Marcelo a estragar o embrulho.

Interpretando as preocupações da população, alarmada com o aumento do custo de vida, os serviços noticiosos de televisão abusavam da recolha das ‘abalizadas’ opiniões de quem vai a passar – e que fala de tudo e de nada – e os comentadores assestavam baterias nas ‘incompatibilidades’ que surgiam a cada pontapé numa pedra.

Mas uma frase do PR sobre os casos de pedofilia na Igreja católica fez perder esse foco e durante dias e dias aberturas de telejornais prolongaram-se por largos minutos (chegaram a 20!) em torno das desculpas que Marcelo não queria dar. E antes que a fobia esmorecesse, entrou em cena a pelos vistos única cabecinha pensadora no ativo – a de António Costa – a apoiar o Presidente e a dar alento ao tema. Sempre preguiçosa, a comunicação social do rabo sentado caiu na esparrela e assim se foi avolumando a montanha da futilidade.

Inflação acima de 9%, alimentos a chegar aos 18%, energia a disparar, prestações das casas sem ajudas do Estado, famílias aflitas e avisos ignorados de que ‘o pior está para vir’ – eis alguns dos reais problemas ‘trocados’ pela verborreia de Marcelo. O país da anedota no seu melhor.

Antena paranoica, Correio da Manhã, 15out22

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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