Um problema de natureza técnica da responsabilidade da direção do jornal, para não dizer minha, “retirou” ontem da primeira página de Record o devido destaque ao decretado boicote do Benfica aos jogos a realizar nos terrenos dos adversários, uma das medidas de choque anunciadas por Luís Nazaré, presidente da Assembleia-Geral dos encarnados.
Não faltou quem pensasse tratar-se de uma opção jornalística, reconhecido que é hoje o distanciamento deste título em relação às estratégias traçadas por interesses de grupo e destinadas a aumentar o ódio e a confusão que – atravessando, desgraçadamente, toda a sociedade portuguesa – se fazem sentir de forma especial na esfera do desporto.
E, sejamos claros, o que não falta por aí são “jornalistas” que se reúnem com os estados-maiores de alguns clubes, mal o chefe da banda estala os dedos como sinal de convocatória para abanar o rabo. Faço mesmo minha, a sério, a expressão que outros utilizam a fingir: nós somos o Record.
Mas não, foi apenas um lapso, já que se tratava de uma notíca e neste jornal as notícias não se contornam, como as páginas interiores da edição de ontem bem comprovavam.
O que também não devo esconder é que Record não embarcará na ingenuidade de promover malabarismos cujo evidente objetivo é desviar as atenções dos adeptos da Luz deste modesto início de liga e dos 9 pontos de atraso que o campeão já leva.
Estamos fartos de saber que a arbitragem portuguesa é má, como não nos cansamos de repetir que ela prejudica, por igual, todos os clubes e não “persegue” particularmente o Benfica. Tem dias, mais nada.
O desnorte encarnado tem, todavia, uma base de sustentação que não deve ser esquecida. É que tal como o País está farto de Laurentino Dias, o futebol português precisa de se ver livre de Vítor Pereira. São duas pessoas respeitáveis que perderam, nas funções que desempenham, a credibilidade necessária. Só por isso: obrigado, Benfica.
Minuto 0, publicado na edição impressa de Record de 15 setembro 2010
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