Dizem alguns entendidos que Rui Rio será humilhado nas ‘diretas’ para a presidência do PSD. Se acontecer, estaremos perante mais um sinal do ‘mundo ao contrário’ em que vivemos. Rio andou anos com sondagens sofríveis e quando, enfim, o partido sai de umas eleições claramente reforçado, logo as suas forças vivas deixam de fazer de mortas.
É evidente que Paulo Rangel tem outras condições para a oposição ao PS, ainda que falte saber se serão melhores condições. É que Rio, apesar dos desfavores conjunturais, nunca viu o PSD afastar-se dos 20 e muitos por cento nas intenções de voto, graças a uma postura fiável e moderada. Já Rangel, intelectualmente brilhante, é mais ‘aguerrido’ e mais intenso, intérprete fino do estilo radical que tão mal correu a Assunção Cristas – e que Nuno Melo será também tentado a refundar.
Mas Rangel devia dar mais atenção ao ‘embrulho’ da mensagem. O anúncio da sua candidatura foi um deserto: uma figura pálida e só, numa sala cinzenta de hotel, a desvalorizar a qualidade de um discurso inteligente e diferenciador. Recuperou bem a imagem em duas entrevistas posteriores, certo do pouco tempo que lhe resta para desfazer a grande dúvida: terá perfil de líder e de PM?
Antena paranoica, Correio da Manhã, 23out21