Na televisão, não existe margem para o erro. Em guerra com a Autoridade Antidopagem, e conhecendo o poder da comunicação televisiva, Carlos Queiroz teve a capacidade de entender que, se no futebol é um profissional, no ecrã não passa de um amador.
Por isso, fez bem o trabalho de casa e recorreu à bengala da agência de Cunha Vaz para a entrevista desta semana a Rodrigo Guedes de Carvalho, na SIC, um perfeito duelo de egos, com um dos contendores disposto a arrasar e o outro a fugir às cascas de banana, em teimoso e repetitivo discurso defensivo.
O entrevistador, que gosta do brilho, terminou frustrado, porque às perguntas o seleccionador respondia nada, preocupado apenas em justificar, com um alegado sentimento de “frustração e impotência” – expressão que utilizou quatro vezes –, a sua destrambelhada reacção à investida da brigada das colheitas.
Queiroz não se esqueceu também de assumir o clássico papel de vítima, lamentando-se do “muro” que lhe “caiu em cima” – imagem a que recorreu em três ocasiões, chutando sempre as perguntas para canto. Feitas as contas, diria que sobreviveu.
Em televisão, não ganha quem tem razão, mas quem se prepara para o objectivo que conta: o de convencer os telespectadores.
Antena paranóica, publicado na edição impressa do Correio da Manhã de 4 setembro 2010