Se olharmos para a realização, esta é talvez a melhor das quatro séries de “Quem quer namorar com o agricultor?”. Já quanto à substância, estamos perante mais uma lástima, que a empatia de Andreia Rodrigues não basta para atenuar. A SIC precisa do programa, que bate nas audiências as debilidades da concorrência, pelo que a ordem é fazer e a produção que se amanhe.
E há que tirar o chapéu a quem consegue, desde logo, encontrar agricultores, mesmo que uns nada cultivem, outros sejam meros empregados e quase todos se contentem em exercitar as sacholas ou dar milho às galinhas. Depois, não havendo quintas, alugam-se, e não havendo casas recorre-se ao truque do pré-fabricado…
Não é mais fácil arranjar candidatos ao “romance”. Da parte delas, há demasiados rabos grandes e pernas grossas – e escasseiam as caras bonitas. Assim, os “agricultores” têm de seguir um guião para que existam histórias, sabendo que relações sérias dali, obrigadinho mas passamos. Do lado deles, o naipe é ainda pior, pelo que nos solidarizamos com a agricultora, que deve preferir procurar namorado em Saturno a optar por um dos alvares encalhados que lhe impingiram. Estamos contigo, Ana! Manda esses “noivos” pentear macacos.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 12jun21