Era para lhes falar hoje do programa amador e deprimente conduzido por Cristina Ferreira, “sem medos” (?), na noite de sábado – mais uma derrota de audiências a juntar a “flops” da TVI como o “Dia de Cristina” ou o “Viva Vida”. Mas não resisto à onda de choque das fotos e vídeos aterradores que nos mostram centenas de cadáveres de animais numa herdade do centro do país, imagens reveladoras de crimes que só um Estado de bananas tolera – e por isso é escolhido como arena de luxo para atos de selvajaria.
Não, não sou um furioso defensor dos bichos. E sim, não me chocam as touradas à portuguesa desde que ninguém me obrigue a ver um espetáculo de que alguns gostam – e eu não. O que mais me indigna ainda no caso dos carrascos da Azambuja e do massacre é o facto de às vítimas nem sequer ter sido dada a hipótese de fuga – como sucede na aventura da caça – essa enorme diferença que permite um jogo de risco e inteligência entre o perseguido e o perseguidor.
Na Torre Bela, tendo a quinta uma cerca, os animais acabaram encurralados frente ao pelotão de fuzilamento dos valentões: houve tiros de 10 em 10 segundos durante duas horas, segundo um testemunho. Que coisa mais cobarde, que gente mais asquerosa!
Antena paranoica, Correio da Manhã, 26dez20