Alexandre Pais

Torre bela e negra

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Era para lhes falar hoje do programa amador e deprimente conduzido por Cristina Ferreira, “sem medos” (?), na noite de sábado – mais uma derrota de audiências a juntar a “flops” da TVI como o “Dia de Cristina” ou o “Viva Vida”. Mas não resisto à onda de choque das fotos e vídeos aterradores que nos mostram centenas de cadáveres de animais numa herdade do centro do país, imagens reveladoras de crimes que só um Estado de bananas tolera – e por isso é escolhido como arena de luxo para atos de selvajaria.

Não, não sou um furioso defensor dos bichos. E sim, não me chocam as touradas à portuguesa desde que ninguém me obrigue a ver um espetáculo de que alguns gostam – e eu não. O que mais me indigna ainda no caso dos carrascos da Azambuja e do massacre é o facto de às vítimas nem sequer ter sido dada a hipótese de fuga – como sucede na aventura da caça – essa enorme diferença que permite um jogo de risco e inteligência entre o perseguido e o perseguidor.

Na Torre Bela, tendo a quinta uma cerca, os animais acabaram encurralados frente ao pelotão de fuzilamento dos valentões: houve tiros de 10 em 10 segundos durante duas horas, segundo um testemunho. Que coisa mais cobarde, que gente mais asquerosa!

Antena paranoica, Correio da Manhã, 26dez20

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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