Uma empresa vive do cumprimento de objetivos. Para os atingir é quase indispensável que quem lidera possa constituir um grupo coeso e morrer por ele. A lista de falências está cheia de belas intenções de profissionais a quem foram exigidos resultados sem que lhes fosse dada a oportunidade de trabalhar com a sua gente. Porque esse bloqueio carrega outro: a impossibilidade de o líder se aproximar daqueles que, cedo ou tarde, teme vir a ter de dispensar.
Trata-se de uma angústia a que Cristina Ferreira fica imune. Ela comanda uma equipa que produz um projeto vencedor e pode, assim, defender os que respondem por um caderno de encargos necessariamente severo. E sabendo que boa parte do sucesso em televisão resulta da descoberta das coisas simples, encontrou até maneira de contar uma história pungente – como lhe pede o público-alvo – reforçando em simultâneo a união do grupo.
Na última terça-feira, ao expor o drama de saúde de um dos seus assistentes, André Leal, “O Programa da Cristina” deu um empurrão tremendo à luta de um homem afável e bom que tem a vida pela frente. E assinou também o que não menos interessa: um grande momento de televisão. Mais um. Parece fácil, mas não é para todos.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 25jan20
Uma declaração de amor de Cristina Ferreira
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