Nas férias, li com prazer e preocupação crescente dois livros que tinha em atraso: “A vida secreta dos intestinos”, da gastroenterologista alemã Giulia Enders, lançado em Portugal em 2015, e “A alimentação cura tudo”, do mediático dr. Mehmet Oz, que adquiri em 2018. Sim, sou daqueles que compram livros.
Curiosamente, partilhei um “buffet” de hotel com turistas que tudo fizeram para me horrorizar com opções gastronómicas tanto mais assustadoras quanto mais ia avançando na leitura. Porque será que os portugueses quando estão de férias seguem as escolhas suicidas dos estrangeiros obesos? Se não têm o hábito de comer “bacon” frito e salsichas processadas com “ketchup”, ao pequeno-almoço, por que o fazem fora de casa? E por que repetem o erro ao almoço e ao jantar, permitindo ainda que os filhos se atafulhem de batatas fritas, pão branco e hambúrgueres – e passem pelos legumes, pelo peixe e pela fruta como se fossem invisíveis?
É pena que o Estado não force a RTP ao efetivo serviço público que seria ensinar-nos a comer melhor. Mais dinheiro investido nessa cruzada significaria gastar menos em medicamentos e nos hospitais oncológicos. Hoje, deu-me para a utopia, a indústria farmacêutica que me perdoe.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 13jul19
Por que comem bacon e salsichas os portugueses quando estão de férias?
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