Jorge Jesus não pode estar de férias sem que se tente adivinhar o seu futuro profissional. A Inglaterra parece levar vantagem e com alguma lógica. Afinal, com um show próprio, JJ constituiria, lá como cá, um espectáculo dentro do espectáculo. Mas Portugal será sempre o país mais próximo do Solar dos Presuntos e da vida de que Jesus verdadeiramente gosta, pelo que temos de valorizar a possibilidade de ele não querer emigrar.
Nos grandes, a coisa segue complicada. Bruno Lage terá justificado já o direito a programar a próxima época, Sérgio Conceição ficará no Dragão seja campeão ou não, e Keizer – em quem ninguém apostava e que está a desenvolver um trabalho notável – irá tentar ganhar uma segunda taça em poucos meses. Além disso, a crise financeira não aconselha aventuras em Alvalade.
Sim, porque é de uma aventura que se trata, pois o clube que contratar Jorge Jesus deverá ter igualmente capacidade para rechear o plantel de jogadores feitos e prontos a render a um nível que permita obter resultados imediatos. Bem me recordo da “rampa de lançamento de JJ: o quinto lugar do Belenenses, em 2007 e 2008 – neste último ano “transformado” em oitavo pelos seis pontos de penalização do “caso Meyong”. Essas classificações só foram possíveis graças às exigências de Jesus ao desaparecido presidente Cabral Ferreira, que pregaram mais alguns pregos no caixão da falência azul que se anunciava…
Não fosse a personalidade de António Salvador, controversa e talvez demasiado forte para o perfil de liderança absolutista de JJ, e eu diria que o Sp. Braga é o clube ideal para Jesus recomeçar após a sua travessia dourada do deserto. Até porque existe sempre a hipótese, existe mesmo, de um projeto liderado por Jorge Jesus suscitar o interesse de um investidor, ou de vários, reunindo-se assim os fundos necessários para se erguer, no Sp. Braga como no V. Guimarães, por exemplo, uma nova e efetiva candidatura ao título e uma séria ameaça ao Sporting – ou ao estado a que chegou o futebol do Sporting.
Claro que se em Braga seria difícil conciliar os egos de Salvador, de Jesus e do homem do dinheiro – que não largaria as notas se não pudesse também mandar – em Guimarães teria ainda de ser considerado um quarto ego: a clássica falta de paciência dos adeptos. Muito antes de Alcochete, lembram-se de quem começou a interromper os treinos e a pedir satisfações a técnicos e jogadores?
Mas é natural que a Inglaterra tente Jorge Jesus. No passado, José Mourinho conquistou 11 títulos, no Chelsea e no Manchester United, e Carlos Carvalhal falhou muito pela modéstia evidente da matéria prima de que dispôs – um risco que Jesus jamais correrá. E na atualidade a vida corre bem aos treinadores portugueses e, ontem, só um penálti a favor do Watford, no último minuto, impediu o Wolverhampton de Nuno Espírito Santo de se apurar para a final da Taça de Inglaterrra, enquanto Marco Silva, afinando de vez a coesão da estrutura defensiva, conduziu o Everton ao terceiro triunfo consecutivo, com 1-0 frente ao Arsenal. Melhor estímulo para Jorge Jesus não podia haver!
Uma palavra singela para saudar o VAR e o seu representante no terreno de jogo, que no Feirense-Benfica desempenharam um trabalho simplesmente maravilhoso. Parabéns!
No último parágrafo, quero sublinhar outro facto chocante: a indiferença, e por vezes até o desprezo com que os distinguidos como “homem do jogo” recebem a plaqueta da Sport TV. Que cena feia, essa.
Outra vez segunda-feira, Record, 8abr19
O Sp. Braga pode não ser o ideal para Jorge Jesus
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