Se o princípio de um ano convida à mudança, a transferência de serviços para instalações mais modernas funciona como gerador de criatividade e de descoberta de novas energias.
É o que parece estar a acontecer na SIC, que ao sair de Carnaxide para o edifício de Paço de Arcos aproveita para fazer um “refresh” no canal de notícias, o tal que a estação apresenta, falsamente, como líder na informação. No início desta semana – só para dar um exemplo recente – a CMTV obteve uma audiência muito superior à de SIC Notícias, TVI24 e RTP3 juntas, o que deixa claro a questão da liderança.
Na ânsia renovadora com que sempre se mascaram derrotas e se iludem tolos, a SIC falhou na suspensão da “Quadratura do círculo”, programa de referência que sucedeu ao “Flashback” criado, na TSF, pelo visionário Emídio Rangel. Foram três décadas de autênticas aulas de descodificação de problemas, formação de opinião e defesa de valores que a SIC desprezou e que a TVI24 recuperará.
É certo que em televisão as audiências são voláteis e se vive muito do novo, mas há conteúdos em que o bom senso aconselha a não mexer. Basta ver aqueles jornais que lutam desesperadamente para não morrer, depois de anos a mudar tudo. Para pior.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 26jan19
SIC despreza três décadas de formação de opinião
S