Os amigos do Governo atiram-se a Teodora Cardoso, antes uma perigosa esquerdista, só porque o Conselho das Finanças Públicas, a que preside a economista, não alinha nos elogios à política económica de Costa e Centeno. E nas redes sociais, faróis do ódio às figuras públicas desancam José Gomes Ferreira pelos mesmos motivos e por outros, queixando-se o jornalista – pobre dele, como aguenta tal cruz? – das pressões terríveis que sobre seus estreitos ombros recaem.
Mas se a crítica e a contestação pertencem à vida quotidiana, torna-se inevitável que também gerem mártires, como é o caso do governador do Banco de Portugal. Responsável pela supervisão bancária em tempos de bandidagem e desvario, e dispondo de meios mitigados, Carlos Costa tem sido um herói da resistência às pressões para que se demita apenas porque o seu desempenho ou a sua coluna direita não agradam a quem manda. Isso faz-nos simpatizar com ele.
“Só se cumprir o meu mandato salvaguardo a independência do Banco de Portugal”, explicou há dias Carlos Costa, reforçando o seu compromisso com o País numa altura em que valores como o dever e a honra são letra morta para os donos disto tudo. Felizes das sociedades como a nossa que têm ainda homens livres e capazes de dizer não!
Observador, Sábado, 16MAR17
Carlos Costa: um herói da resistência
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