Paulo Núncio, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do Governo de Passos Coelho, é um político que aprecio pela clareza com que expõe as ideias e pela veemência com que defende aquilo em que acredita. É um contendor temível.
Foi esse duro adversário que Paulo Trigo Pereira, do PS, teve pela frente no último Negócios da Semana, conduzido na SIC Notícias por José Gomes Ferreira. Com o tom professoral e o rosto fechado, que funcionam mal em televisão, o deputado socialista sentiu grandes dificuldades em contrariar a imagem mais aberta e positiva – e o discurso menos tenso e rebuscado – de Paulo Núncio.
Mas o centrista acabou traído pelo entusiasmo excessivo. Ao considerar que os 2,3% do défice do Estado em 2016 constitui um modesto feito do atual Executivo, já que terá herdado 2,98% do anterior – não contando com os apoios à banca… – Paulo Núncio deu um salto para o abismo. Porque ao contrário do défice de 2015, o do ano passado foi alcançado anulando ou diminuindo a sobretaxa do IRS e repondo a parte dos salários e das pensões que Passos e o próprio Núncio nos haviam abarbatado. E isso faz toda a diferença.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 11FEV17
Um défice que faz toda a diferença
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